quinta-feira, 5 de março de 2009

A Praia

Por Mônica Salmazo
     
O litoral. O sol, as ondas, as pessoas e o cheiro agradável da maresia misturado com o pastel gorduroso da tia Paula, aquela mulher fantástica com suas calças justas, levantando toda aquela formosura de 50 anos e 200 quilos impecáveis. Seu pastel vende bem na praia, virou atração, assim como o vendedor de coxinha, quibe, esfirra, enroladinho e tudo o que tiver de mais gorduroso.
      Na ponta da praia as pessoas são mais econômicas, levam seu alimento da própria casa. Aaaaaaaai que beleza! Não tem nada melhor do que ver aquela tia passando maionese no pão e enchendo de condimentos inimagináveis. Coloca tudo na sacola junto com o frango, a farofa, o pão com atum, o refrigerante e a cerveja foram colocados no isopor, comprado no mesmo supermercado da cidadezinha natal, pois lá é mais barato né.
      Vão todos para a praia, leva a sacola com o almoço e o café da tarde, com as bebidas pro dia todo, as cadeiras de supermercado, os chinelos, os maiôs gigantes cor “celulite viva” e biquínis “vejam minha coleção de estrias”. As crianças levam bóias pra brincar no raso e as mães começam um ritual sagrado de passar protetor na mulecada. Após longos e infindáveis minutos sendo amaçadas, esfregadas, cuspidas pelas broncas do “fica parado menino”, “assim eu não consigo passar”, “vê se não responde a sua tia, ela só está te oferecendo um frango com guaraná”, então, finalmente, elas ficam prontas: um bando de anões brancos correndo pela praia gritando “mãããããããããããeeeeeeeeee, olha pra mim mãããããããããeeeeeeee, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe...”.
      A sacolinha do lixo começa a encher, embalagens de papel alumínio e papel filme se misturam às garrafas de refrigerante e os copinhos plásticos, as latinhas de cerveja já foram recolhidas para a prima da roça fazer bolsas e roupas com anéis da lata e o resto da embalagem vai para a coleta da cidade que paga 0,0000002 centavos por cada uma.
      Na praia você pode encontrar também os tradicionais camelôs, vendem óculos escuros a “10 reaus e 20 reaus os bãos”, tem de tudo, até mesmo a bolsa de anéis da sua prima do interior. Tem saia-cinto, daquelas que você não descobre se era pra ser uma saia ou então um cinto, mas que todas as piriguetes usam; tem o vestido cortina, você não sabe se era pra ser um vestido pra ficar limpando casa ou se coloca na janela pra fazer de cortina; cangas ma-ra-vi-lho-sas que se parecem com calças, na verdade elas podem ser os dois, ora saia, ora calça, o importante é que tem tecido pra se fazer uma rede das boas e deitar a tarde toda enquanto come o bolo de fubá delicioso que trouxeram lá de casa.
      Com todas as suas belezas o litoral brasileiro ainda é um ponto turístico muito visado pelos estrangeiros, que podem comprar mercadorias a preço de bananas, ou em pastéis da tia Paula.

Sessão nostalgia

Por Sarah Menezes

A mola-maluca, é difícil encontrar alguém que em sua infância não tenha se divertido com esse brinquedo. Ao iniciar uma sessão nostalgia a primeira coisa que me veio a mente foi esse brinquedo peculiar, colorido, no qual eu passei inúmeras tardes brincando.
Mergulhando em minhas lembranças um brinquedo que marcou várias aventuras surgiu, a minha motoca, ou velotrol como também é bastante conhecido. Lembro de andar em cima dela por toda a casa, rodeando a mesa da cozinha, zanzando de lá para cá na sala enquanto minha mãe assistia TV, e toda minha euforia vinha à tona quando eu podia correr para cima e para baixo com toda a velocidade pelas calçadas do meu bairro, isso realmente me deixava alegre.
Lembro de cada detalhe daquele brinquedo que eu adorava, ela era azul com as três rodas vermelhas, pequenina, com vários adesivos de desenhos que eu própria colei para dar um toque final em seu estilo e deixá-la com a minha cara.
Me diverti tanto com esse brinquedo que, quando já estava mais velha e crescida lembro de vê-la toda acabada, com alguns furos em suas rodas, toda desbotada, os adesivos já haviam se descolado, e os que restaram já estavam todos rasgados, pela metade, sobrando apenas a cola grudada na motoquinha, a deixando ainda mais acabada.
Foram vários momentos divertidos que eu passei em cima daquele brinquedo, e os guardarei com toda a felicidade e carinho em minha memória.