quarta-feira, 11 de março de 2009

Príncipe

Por Maria Gabriela Brito
 Crédito Imagem: ImageBank-Bruno Muff

Ela nunca foi o tipo de garota que se apaixonava fácil. Aliás, nunca tinha se apaixonado até conhecer Denis. E o filha da mãe nem era bonito como os caras que ela costumava pegar. Viram-se um dia num boteco e Denis a xavecou até cansar. Ela acabou cedendo pela insistência.
Depois do primeiro beijo conversaram durante o resto da noite. Ela não acreditava, ele era perfeito pra ela. Sempre foi o tipo de garota que julgava as outras que beijavam um e no outro dia não sabiam falar de outra coisa. Até tinha algumas amigas assim. Mas depois de Denis, ela entendeu. Aquilo era diferente de tudo que ela já havia experimentado.
Trocaram telefones e ela mal conseguiu dormir pensando nele, lembrando de seu toque e seu beijo. No outro dia não descolou do celular. Ela não sabia o que estava acontecendo, o cara tinha mesmo mexido com a cabeça dela. “Gente, o que eu to fazendo?” pensou inconformada. Decidiu deixar o celular de lado e ir fazer alguma coisa produtiva.
Na academia não conseguiu se concentrar, aquilo estava estranho. Ela
tinha certeza que o cara tinha lançado magia negra nela. Voltou para casa tentando pensar na paisagem, no tempo, no cabelo que precisava cortar. Nada. Nada fazia ela esquecer. Chegou e correu para o celular: 13 chamadas não atendidas – todas dele.
Ela praticamente surtou. Não sabia o que fazer, se ligasse pra ele, será que podia parecer desesperada? Mas e daí? Ela estava mesmo desesperada! Enquanto uma nuvem de dúvidas pairavam sua cabeça, o celular tocou. Era ele. Ela respirou fundo e atendeu tentando parecer normal.
“Oi?”
“Bela? Tudo bom? É o Denis, tentei te ligar algumas vezes e você não atendeu”.
Conversaram um pouco e marcaram de se ver no outro dia. Bela tinha certeza que não ia conseguir dormir de ansiedade para revê-lo. Mas pelo menos agora ela tinha uma pista, aparentemente ele também queria ela. Finalmente depois de toda a espera, os dois se encontraram em um restaurante italiano, tomaram um pouco de vinho e conversaram até sobrarem apenas os garçons no lugar.
Bela olhava fixamente para ele, e tinha certeza de que aquele seria o homem de sua vida, seu marido e pai de seus filhos. Em apenas três dias ele fez com ela o que nenhum outro homem jamais havia feito. E olha que tentaram. A meiguice dela era cativante, além do mais era um mulherão. Devia ser objeto de estudo e motivo de inspiração para outras mulheres.
Mas algo em Denis mexeu com ela. Indecifrável. O sorriso? Era bacaninha, mas ela já havia conhecido melhores. O olhar? A fala? “Acho que era pra ser”, pensou. Saíram do restaurante e acabaram em um motel, onde os dois tiveram a melhor noite de suas vidas. No dia seguinte, Bela esperou pela ligação de Denis o dia todo. Nada. Nem no outro dia e nem no dia depois do outro dia. Ligou uma vez e sua chamada foi rejeitada, depois disso, ela decidiu não ligar mais, não ia dar esse gostinho pra ele.
Ele havia sumido do mapa e partido o coração da jovem. Bela acabou se recuperando, mais rápido do que imaginava. Foi usada, se sentiu usada, mas resolveu se reafirmar pensando, “pelo menos eu dei”. Depois ela voltou a ser ela mesma, cativante por fora e uma pedra por dentro. Além disso, também aprendeu uma lição: Príncipe encantado, só em filme e em conto de fadas.

(Crédito Imagem: ImageBank-Bruno Muff)