Por Maria Gabriela Brito
Hoje de manhã quando sai de casa, vi uma menininha pegando uma flor do jardim para dar a mãe dela. Achei aquele gesto tão simples e ingênuo. A mãe muito sem graça, me pediu mil desculpas pelo ato e ainda brigou muito com a filha. Aquilo me fez pensar que somos podados o tempo inteiro e desde sempre. Parece tão difícil sermos nós mesmos.
Aquela mãe nem percebeu que a filha havia dado a florzinha a ela. Penso que a menina deve ter se sentido diminuída. Assim é no mercado de trabalho. Parece que nunca somos bons o suficiente para nada. É um bombardeio de informações e dicas de como ser um profissional melhor, como ser o que as empresas procuram. Fica difícil saber por onde caminhar.
Hoje é preciso saber mais de duas línguas fluentes, porque o inglês, que já foi um diferencial, não é mais. E o diploma que também já foi importante, hoje não vale nada, se a pós, o mestrado, doutorado não estiverem ali para acompanha-lo. Além disso, temos que conhecer informática, entender de política, economia, natureza, estar atualizado, bem equipado, ter boa aparência, ser criativos, inovadores. É difícil ser tudo isso ao mesmo tempo.
Afinal de contas, o que as empresas querem? Tenho certeza que elas também ficam confusas ao escolher um profissional qualificado para determinado cargo, porque hoje, todo mundo sabe de tudo um pouco. É aqui que entra outro problema de sermos seres em busca da perfeição sempre. Os sonhos estão cada vez maiores, e muitas vezes chegam a ser utopias de tão impossíveis.
É como diz uma professora minha, “temos que ter metas possíveis”. As pessoas estão sempre querendo mais, e quando aquele sonho, que parecia tão distante, é conquistado, não é mais o suficiente. É difícil ficar satisfeito. Damos pouco valor ao que temos e muito valor ao que queremos, e assim as pequenas coisas vão ficando tão distantes.
A meta deixa de ser “carpe diem” (aproveite o dia) para ser: conquistar aquele tão sonhado emprego, ter uma vida perfeita, com carro do ano, filhos felizes e uma casa linda. E o pior, para conquistar tudo isso, ter todas as qualificações já citadas neste texto não é o suficiente. Além disso tudo, temos que mostrar nosso lado humano, mas sem demonstrar fraqueza, sem errar.
Cansei de ouvir que sou um produto à venda, e que preciso estar sempre bem vestida, sempre sorrindo, não posso errar nunca. Faz parte da construção do meu marketing pessoal. Só que não é todo dia que eu estou a fim de dar um bom dia empolgado para todos que vejo pela frente, e nem é todo dia que vejo passarinhos cantando pelo caminho.
Somos humanos, caímos, levantamos, sorrimos, choramos. Escolhemos caminhos errados às vezes, e outras, com sorte, caímos no certo. É difícil saber. E com tanta novidade, com tanta coisa que precisamos ser para conseguir aquilo que achamos ser a meta de nossas vidas, eu cheguei a uma conclusão, que pode parecer clichê, mas é a verdade. Hoje, o diferencial, e talvez o segredo do sucesso, seja sermos nós mesmos.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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