sexta-feira, 7 de maio de 2010

V ou T?

Por Mônica Salmazo

E se ela descobrir?
Era tudo o que se passava na cabeça de Valentina enquanto Rodrigo dedilhava suavemente seus dedos sob sua meia 7/8. As pontas de seus dedos eram quentes, mas nada comparados aos lábios ardentes dele. A culpa remoia sua cabeça, mesclava-se com o desejo que tinha de devorá-lo inteiro. O que será que se passava na cabeça dele? Será que ele não tinha medo ou receio de estar fazendo isso? Por que doía tanto? Por que as coisas deveriam ser dessa forma?
Em meio a perguntas e respostas vazias, suas mãos apertavam as costas dele de uma forma agressivamente delicada. Sua pele estava arrepiada de tanto sentir aquele corpo quente junto ao seu. Sua cabeça era jogada para trás enquanto seu corpo apoiava-se no sofá da sala de estar, o vestido estava na sua cintura e a camisa dele jogada ao chão, denunciando o óbvio.
Seus lábios tremiam enquanto ela os mordia levemente, era tão bom, era tão gostoso. Os olhos claros de Rodrigo a olhavam com tal profundidade que parecia deixá-la nua, transparente, impossibilitada de pensar ou dizer qualquer coisa. A língua dele descia por seu pescoço fazendo-a revirar os olhos enquanto ele apertava sua cocha com as mãos.
O zíper do seu vestido começou a abrir vagarosamente. Como uma provocação ele ia beijando cada centímetro do seu corpo. Se as pessoas soubessem o que estava acontecendo na sala ao lado talvez não ficassem muito orgulhosas de Valentina.
Com uma experiência incrível Rodrigo a virou e mordiscou suas costas de modo delicado. Tão delicado que fazia Valentina esquecer do resto do mundo. Ela queria sentir apenas o hálito quente e refrescante que saía da boca dele.
O barulho dos convidados era cada vez mais alto. Pessoas embriagadas rindo falsamente uns para os outros, enquanto desejavam votos que acreditavam nunca tornarem-se realidade. O ser humano tem a péssima mania de seguir seus interesses ao invés de sua intuição. Mas isso não importava agora.
Em um compasso constante ele a tomou no colo e sentou-se no sofá. Os cabelos bagunçados, sendo puxados para trás pelas mãos fortes dele, um jeito delicadamente selvagem de dizer que a desejava. Ela gostava disso.
A respiração estava cada vez mais ofegante, a pele mais quente, os lábios tremiam e as mãos queriam pegar algo que não sabia o que era, mas desejava. E como desejava! O vestido azul marinho de seda caiu dos ombros e se acumulavam na cintura enquanto mostrava suas pernas nuas.
Não agüentava mais toda aquela pressão, não agüentava mais estar ali, não agüentava mais ter que esconder toda essa vontade. Simplesmente não agüentava mais. E foi em meio a toda essa vontade que Tatiana abriu a porta e viu os dois abraçados e seminus no sofá da sua casa.
Toda uma história passou por sua cabeça. Como conhecera Rodrigo, todas as flores que havia ganhado, todos os beijos quentes, a noite que perdeu a virgindade com ele, o baile de formatura, as viagens, os acampamentos, as escapadas no barco da família, os passeios no meio do dia, a traição.
Dupla traição.
Como uma onda que surge do fundo do oceano e ganha força na superfície as lágrimas começaram a transbordar dos seus olhos. Valentina e Rodrigo pararam e a encararam. O silencio dominou o ambiente.
Em questão de segundos Tatiana estava longe dali. Justo meu namorado e minha amiga? Justo no dia do meu aniversário? Justo comigo?
Era impossível isso estar acontecendo, simplesmente impossível!

TO BE CONTINUED