terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Aline de Queiróz - Julho de 1972




Mônica Salmazo

A melhor coisa do mundo é se sentir bem consigo mesmo. Nada paga isso!
Mas a pior certamente é a incerteza.
Ao longo da nossa vida conhecemos diferentes pessoas com diferentes jeitos e filosofias, devemos aceitá-las do modo como são e amá-las conforme seus costumes, independente de qualquer coisa.
Não julgo o modo como foram criadas, mas sim como levam a vida. Amizades devem ser pesadas, avaliadas e então levadas a sério, pois são poucas as amizades verdadeiras.
Do mesmo modo que existe o amigo certo, acredito que exista o amor certo. Não existe um verdadeiro amor, mas sim vários, e sou grata a cada um deles, pois sem as decepções eu não saberia o quanto eu sou feliz por aprender tudo o que sei hoje.
Era verão e eu estava longe, viajando, quando aprendi que o tempo não é nada, e que o que conta são as experiências, e que algumas pessoas podem ser mais importantes para você em um segundo do que outras que estiveram ali a vida toda.
Amar é um gênero substantivo, é um adjetivo, é um verbo. É também uma condição de se fazer existir e se fazer compreender, de viver e de sentir, de aprender e de seguir.
Foi quando Aline aprendeu tudo isso. A orla da rio parecia transbordada, chovia muito esses dias, mas hoje o dia estava calmo, tranquilo e a garça surfista passava toda hora boiando em pedaços de madeira que decia o rio, chegava a ser uma cena hilária.
Foi quando ela viu passando um estranho muito interessante, muito mesmo. Não deu muita moral no início, mas conforme passavam os dias ele não saía de sua cabeça. Decidiu falar com ele.
Ao descobrir quem ele era ela ficara ao mesmo tempo feliz e decepcionada, como poderia alguém tão maravilhoso já ter um grande amor assim tão novo - ela se perguntava.
Ele não saía de sua cabeça e as fantasias jorravam de sua mente, os sonhos invadiam o espaço e seu corpo tomava uma jarra de novas sensações, não sabia o que fazer.
Todo verão era para ser divertido, mas este tinha sido particularmente intrigante. Ela sentia que algo mais havia acrescentado. Sentou e esperou, esperou e esperou. De tanto esperar acabou se fechando para o mundo, e sofria por um amor não correspondido.
Foi quando descobriu que apesar de amar alguém que não a amava não significava que não poderia seguir em frente e amar totalmente outro alguém, ela tinha condições de ser quem quisesse, e não colocaria mais nas mãos de ninguém sua felicidade.
O tempo passou e ela percebeu que apesar do sofrimento era grata com tudo o que aprendera. Consideração é algo para poucos, e oportunidade são momentos raros de felicidade que jamais irão voltar.
Amor é algo inexplicável, principalmente quando se aprende a amar a si mesmo.

Aline de Queiróz
Julho de 1972

2 comentários:

  1. A mente é algo sem explicação, não sabemos nem ao certo o por que de tomarmos certas decisões.
    Amor é inexplicável, faz milagres, algo que a medicina não entende e nunca irá entender.

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  2. Sofro de amor por amar quem já amou só para dizer que ama, e de tão profunda escuridão o amor se ocultou sob a sombra do medo, do receio, do rancor de não amar mais o amado amor que outrora era fogo.

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