Por Maria Gabriela Brito
Houve uma época em que ele foi elegante, a estrela mais famosa e cobiçada de Hollywood. Quem nunca viu filmes em que a conversa entre dois amantes só teve início graças ao ato de acender um cigarro? E convenhamos, qualquer mulher iria querer Montgomery Cliff (considerado um dos astros mais bonitos na história Hollywoodiana), no auge da juventude, beleza e sucesso, correndo com seus fósforos na telinha do cinema para acender a brasa do tabaco.
Impressionante como a postura em relação ao cigarro mudou em um tempo relativamente curto. Hoje, ele não passa de um vilão dos piores. O que antes era sinônimo de glamour, agora representa a solidão e o sofrimento. Mas não para mim.
Deus que me livre tentar defender o vilão da história, e nem quero, aliás, como uma fumante assumida, garanto que já estou cansada de saber os problemas causados por esse produto, e como se já não bastasse, ainda recebo lembretes insistentes dos não-fumantes: “Larga disso! Isso ai faz mal!”.
Tá bom! Como se eu não soubesse. Mas obrigada mesmo assim.
O caso, é que graças ao cigarro estou em um emprego que muitos matariam para estar. Explico-me. Fumantes tendem a se identificar com outros fumantes, é como de fôssemos uma comunidade unida. Por exemplo, quem fuma sabe o desespero de ter um maço cheio, mas nenhum isqueiro, e quando finalmente achamos um, a pessoa que ofereceu é digna de gratidão eterna.
Para minha sorte, a pessoa que me entrevistou também era fumante, mas antes de ficar sabendo disso, ela me mandou aquela pergunta de praxe ao longo da entrevista: “Você fuma?”. Completamente embaraçada, não conseguia me decidir entre a verdade e a mentira, todos os avisos de como o cigarro era o vilão, fazia mal, e só trazia angústia e infelicidade, ficaram sobrevoando minha cabeça.
Como eu queria muito aquele emprego, não podia me dar ao luxo de estragar tudo e começar uma relação baseada em mentiras, então falei quase que vomitando as palavras: “Fumo”. Foi a primeira vez que assumi o meu vício em uma entrevista de emprego, o que foi uma experiência no mínimo libertadora.
Um pouco mais segura de mim e assumindo total responsabilidade sob o que poderia acontecer, repeti “Fumo!”. Percebendo meu embaraço com a situação, a entrevistadora solidarizou-se dizendo: “Eu também”. Foi o suficiente para ficarmos na mesma sintonia, e a entrevista fluir como uma conversa. E aqui estou eu: Contratada!
Claro que nem todo mundo conseguiria ter a mesma sorte que eu, então para os não-fumantes o meu conselho é: Permaneçam assim! E tá legal, eu confesso, talvez não tenha sido graças ao cigarro, vai vê eu me encaixei mesmo no perfil da empresa, mas sendo uma fumante que tenta largar o vício todo mês, preferi acreditar que ele foi o mocinho, pelo menos desta vez.
E sabe como é, diz a sabedoria popular que a gente gosta mesmo é do que não presta, e quem sou eu para discutir?
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
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É realmente engraçada essa pergunta. Nunca sei o que respondo. Só que o mais engraçado é que realmente existe essa "comunidade" entre os fumantes, algo que seria digno de estudo: A solidariedade através do vício.
ResponderExcluirParabéns pela sinceridade.
E pelo texto.
Mesmo assim acho importarte conscientizar de que cigarro faz mal!
ResponderExcluirÉ ridículo fumar, isso faz um mal que vocês não imaginam. Só vão dar valor à vida o dia que pegarem um câncer por causa disso.
ResponderExcluirMas gostei da história e do jeito que você contou ela.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExiste este site
ResponderExcluirwww.fumantesunidos.org
Lá você vai ver que esta campanha anti-tabagismo exagera.
Fumar faz mal, mas não tanto quanto eles falam.
Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.
(Buda)